Planejamento estratégico baseado em julgamentos – Por Heitor Borba
Seu planejamento estratégico[1] está sendo embasado por dados concretos ou por julgamentos pessoais?
Executar atividades empresariais sem um planejamento prévio é um risco que as organizações não deveriam correr. As atividades empresariais são complexas e de grande especificidade em todos os níveis hierárquicos. Por isso, o planejamento estratégico deve ser embasado por dados concretos sobre o maior número de fatores internos e externos possíveis. Mas há casos em que o gestor não dispõe de dados concretos e precisa decidir com base em julgamentos oriundos da intuição. Como proceder nesses casos?
Os fatores externos são os mais difíceis de serem compreendidos, previstos e mitigados. De modo geral, os fatores internos e externos a serem considerados num planejamento estratégico são:[2]
EVENTOS AMBIENTAIS
Estes eventos dizem respeito à adaptação da empresa em função de mudanças externas relacionadas a fatores econômicos, políticos, ambientais, naturais, sociais, físicos, etc São eventos advindos de fora para dentro da organização, mas que interferem na saúde da empresa, prejudicando metas e objetivos. Ainda há o agravante de que os dados e informações a serem considerados no planejamento estratégico são mutáveis e não são confiáveis (principalmente quando dependem da ação do governo). Isso dificulta a definição de ações efetivas no planejamento estratégico. Há grande dificuldade em se trabalhar com dados e informações externos à organização e que dependem de fenômenos da natureza, decisões políticas, fatores econômicos diversos, interesses pessoais e outros, sem confiabilidade científica. Diante dessa dificuldade, algumas empresas estão investindo na capacidade que alguns profissionais possuem em relação à previsão de eventos indesejáveis, também conhecida como intuição profissional. No entanto, há empresários esquecendo que essas previsões são realizadas por profissionais altamente capacitados, experientes, conhecedores dos fatos, atualizados e inteligentes. Previsões profissionais realizadas por profissionais, nunca por pessoas leigas possuidoras de “intuição” no sentido mental ou espiritual, como querem alguns administradores. Pior, esses administradores têm convencido alguns empresários incautos a contratarem serviços espirituais de charlatães, lavando empresas à falência. Ou seja, para que o profissional consiga fazer previsões acertadas ou próximas ao acerto, há necessidade de computar dados e informações, julgar com base nesses dados e informações e também no conhecimento sobre os fatos, eventos, pessoas, interesses, forças, pressões, necessidades, vaidade, situação política e outros externos à organização, concluindo o mais próximo possível da realidade futura, de modo a permitir a prescrição de ações efetivas que salvem a organização.
EVENTOS PRESENTES E FUTUROS
O planejamento estratégico é projetado para o futuro da organização, com horizonte de tempo estimado para um longo prazo (maior que cinco anos). Essa é outra grande dificuldade, considerando que os dados e informações coletados para o entendimento dos eventos ambientais não são confiáveis, como vimos no parágrafo anterior. Principalmente num país de grande instabilidade política e econômica como o Brasil, que na verdade nunca foi confiável, mas que agora está ainda menos confiável. O conselho é que o empresário não espere nada do governo, mas planeje suas ações como se o governo não existisse, considerando a pior das situações que a empresa possa estar ao final do seu horizonte de tempo. Como isso pode ser feito? Sempre acumulando e nunca queimando gorduras, enxugando, terceirizando, inventando e criando novos mercados, produtos e serviços, pulverizando suas atividades econômicas (mesmo que dentro do mesmo ramo). A experiência nos mostra que no atual contexto político e econômico global não há mais espaço para grandes empresas, com maquinário pesado, emperrado e caro. Vamos deixar isso para o governo brasileiro, que trabalha com o nosso dinheiro. Fato é que o verdadeiro dono da empresa é o governo. O empresário apenas a administra para o governo. Portanto, as ações do governo devem ser consideradas apenas negativamente, com necessidade de ações mitigadoras para a manutenção do empreendimento vivo.
Na execução do planejamento devem ser considerados os problemas atuais e futuros durante todo o processo de execução do projeto, em função do potencial dos obstáculos ou barreiras impeditivas para que os mesmos possam ocasionar, de modo a colocar em risco o sucesso dos objetivos e metas almejados.
EVENTOS GLOBAIS
O planejamento estratégico é compreensivo, envolvendo a organização como uma totalidade, de modo a abarcar todos os recursos possíveis. O objetivo dos eventos globais é a obtenção de efeitos de sinergia de todas as capacidades e potencialidades da organização. Ou seja, o planejamento estratégico consiste numa resposta da empresa que envolve um comportamento global, compreensivo e sistêmico.
O gestor deve possuir essa visão global e sistêmica da organização. Para isso precisa conhecer bem a fisiologia de todos os organismos da empresa, possuir vivencia nesse campo, conhecer bem todos os fatores externos e saber intuir a respeito dos resultados de futuras decisões estatais, privadas ou societárias que possam influir negativamente ou positivamente na organização.
EVENTOS DE CONSTRUÇÃO E CONSENSO
O planejamento estratégico também é um processo de construção e de consenso, considerando a enorme diversidade de interesses e necessidades dos parceiros envolvidos. Por isso, o planejamento estratégico deve oferecer meios para atendimento das necessidades de todos os envolvidos, de trabalhadores a clientes. Outra parte complexa e difícil, levando-se em conta que as necessidades da sociedade são infinitas, enquanto que os recursos são finitos. Como atender as necessidades infinitas com recursos finitos? Focar numa determinada necessidade é a solução. Novamente há necessidade de antecipação de necessidades, intuindo sobre dados e informações que embasem ações.
EVENTOS DE APRENDIZAGEM
Outra característica do planejamento estratégico. Sempre que começamos a mexer com planejamento, várias variantes vão surgindo ao longo do planejamento e da execução. A aprendizagem permite reduzir as surpresas. O planejamento estratégico deve ser orientado para a adaptação da organização aos diversos contextos ambientais a que possam se fazer presentes ao longo do plano de ação. Consiste numa tentativa permanente de aprender a se ajustar em um ambiente complexo, competitivo e mutável. Durante a aprendizagem o gestor vai adquirindo experiências, cujo entendimento do processo permite obter dados e informações suficientes para aguçar a sua intuição. Somente através desse processo é possível ao gestor fazer previsões acertadas.
Finalizando, entendemos que no planejamento estratégico muitas vezes é exigido do gestor tomar decisões baseadas em julgamentos. Mas mesmo na ausência de dados concretos que permitam conclusões analíticas os julgamentos devem ser embasados na experiência do gestor e no seu conhecimento anterior de fatos semelhantes, bem como, da observação e análise dos fatores envolvidos. Essas características devem embasar a intuição profissional, que difere da intuição pessoal ou natural.[3]
Webgrafia:
[1] Planejamento estratégico
http://www.prolucroconsultoria.com.br/consultoria-empresarial/planejamento-estrategico/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Planejamento_estrat%C3%A9gico
[2] Fatores internos e externos
http://www.convibra.com.br/upload/paper/adm/adm_3469.pdf
https://wwws.universeg.com.br/universeg/flexibilidade_princ26.asp
http://www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/3Es/3es_2003/2003_3ES74.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-65552007000100003&script=sci_arttext
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552002000300002
https://www.pucpcaldas.br/graduacao/administracao/revista/artigos/esp1_8cbs/17.pdf
http://cetir.aedb.br/seget/artigos11/26714255.pdf
[3] Intuição profissional
http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/intuicao-voce-utiliza-a-sua/73188/
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