Gestão da liderança na organização – Por Heitor Borba
Objetivando garantir a credibilidade junto aos subordinados de modo a reduzir as incertezas do comando, o gestor deve possuir habilidades de liderança.
Liderar é passar confiabilidade aos comandados de modo que os mesmos acreditem em seu gestor.[1] A confiabilidade permite que as ordens expedidas pelo gestor aos seus comandados sejam cumpridas na íntegra e sem questionamentos que possam prejudicar os objetivos da organização.
A postura do líder deve ser irrefutável, pautada na mais transparente lisura e justiça, caso contrário, perderá a credibilidade e não mais será aceito como representante dos interesses dos comandados. Se por um lado a hierarquia empresarial subjuga hierarquicamente o subalterno (externamente ou de fora para dentro), por outro lado, o subalterno não aceita ou não acredita no seu líder internamente (ou de dentro para fora). Desse modo, age apenas em função da coação imputada pela ameaça de perda do salário, adotando comportamentos contrários aos objetivos da organização. O líder deve deixar claro seu nível de responsabilidade e de autoridade[2] dentro da empresa e passar as informações corretas aos subordinados, principalmente em relação a benefícios pleiteados ou almejados e não conquistados pelo líder junto aos superiores.
Algumas teorias foram desenvolvidas no sentido de explicar a liderança com a finalidade de explicar a influência que o superior exerce sobre os seus subordinados. Essas teorias têm a ver com as Teorias das Organizações e Administrativa.[3]
As teorias desenvolvidas para explicar a liderança podem ser divididas em três grupos macros:
I – TEORIAS DE TRAÇOS DE PERSONALIDADE[4]
Mais antigas, consideram traços como qualidade ou característica da personalidade, ou seja, o líder se distingue por possui alguns traços característicos da personalidade. Esses traços o distinguem dos demais trabalhadores. Influenciada por uma teoria conhecida como Teoria do Grande Homem, as teorias baseadas nos traços de personalidade do líder teve como defensor o estudioso Carlyle (1910),que identifica esses traços como:
a) Traços físicos
Composto por energia ou dinamismo, aparência física e peso ou massa corpórea;
b) Traços intelectuais
Constituídos pela capacidade de adaptabilidade ao sistema empresarial, agressividade nas ações de comando, entusiasmo e autoconfiança na execução da função;
c) Traços sociais
Estes atribuídos a capacidade de cooperação junto aos subordinados e habilidades interpessoais e administrativas;
d) Traços relacionados com a tarefa
Considerado também por Carlyle como formador dos traços de personalidade a impulsividade, a persistência e a iniciativa na execução das ações.
II- TEORIAS SOBRE ESTILOS DE LIDERANÇA[5]
Constituídas por todas as teorias relacionadas ao estudo da liderança em função de estilos de comportamento, posicionamento ou conduta do líder diante dos seus subordinados.
a) Liderança autocrática
Em relação aos subordinados essa liderança é caracterizada pela percepção de tensões nervosas, frustrações, ausência de espontaneidade, ausência de iniciativa, ausência de formação de relações de amizade, indisciplinas, insubordinações, ausência de interesse e de satisfação na execução das tarefas, com execução das funções apenas com a presença do líder;
Em relação ao líder essa liderança é caracterizada pela percepção de pressões psicológicas, imposições, coações, agressividades, necessidade constante da presença do líder para que os serviços sejam executados e relacionamento apenas profissionais, sem atos de afeto do líder em relação aos subordinados;
b) Liderança liberal
Em relação aos subordinados esse tipo de liderança é caracterizado por baixo desempenho, ausência de planejamento na execução das tarefas, alternância na produção, perda de tempo, forte individualismo e baixa estima em relação ao líder;
Em relação ao líder esse tipo de liderança caracteriza-se por ineficiência e ineficácia da produção, falta de organização, conflitos frequentes com os subordinados e baixa liderança;
c) Liderança democrática
Na liderança democrática, do ponto de vista dos subordinados, observa-se a formação de grupos de amizade, relacionamentos cordiais, comunicação espontânea, ausência de alterações na produção com ou sem a presença do líder, maior responsabilidade, empenho e comprometimento dos trabalhadores na execução das funções, integração entre os membros do grupo, satisfação profissional;
Considerando o ponto de vista do líder é possível observar relações de amizade entre o líder e os subordinados, com relacionamentos cordiais, comunicação espontânea, obtenção de eficiência e eficácia com o líder presente ou ausente, ritmo de trabalho suave e seguro sem oscilações, ausência ou baixo conflito;
Do ponto de vista apenas produtivo (volume de produção com baixa qualidade) a liderança autocrática é a melhor. Na liderança liberal há deficiência no volume e na qualidade de produção. Já na liderança democrática há deficiência no volume de produção em relação à liderança autocrática, mas com melhor qualidade na produção:
LIDERANÇA AUTOCRÁTICA > PRODUÇÃO < QUALIDADE
LIDERANÇA LIBERAL < PRODUÇÃO < QUALIDADE
LIDERANÇA DEMOCRÁTICA < PRODUÇÃO > QUALIDADE (EM RELAÇÃO À LIDERANÇA AUTOCRÁTICA)
Em todos os estudos realizados constatou-se que as lideranças democráticas são mais criativas, eficientes e eficazes em relação às demais.
Exceto até inventarem outro tipo de liderança, a democrática é a que deve ser buscada pelas organizações. No entanto há que se considerar que as organizações devem ser preparadas para adotarem a liderança democrática em todos os níveis e recursos, principalmente em relação à questão cultural.
Dependendo da organização:
a) Liderança autocrática: Apresenta resultado satisfatório apenas quando a liderança liberal e a liderança democrática falham (aplicada aquando se deseja obter resultados num curto espaço de tempo e com uma equipe desmotivada, como no caso dos serviços de finalização de obras de construção civil, onde, por falta de perspectiva, todos querem ser demitidos);
b) Liderança democrática: Apresenta resultado satisfatório apenas quando a liderança autocrática e a liderança liberal falham (funciona apenas num sistema organizado, estável e satisfatório para os empregados);
c) Liderança liberal: Apresenta resultado satisfatório apenas quando a liderança autocrática e a liderança democrática falham (funciona apenas quando há interesse do trabalhador somente em relação à produção, como no caso de sistema de produção por delegação de tarefas, com vantagens para os trabalhadores decorrentes da finalização dos serviços).
Ou seja, a aplicação das lideranças depende da organização, do subordinado, do processo produtivo ou mesmo da ocasião.
III- TEORIAS SITUACIONAIS DA LIDERANÇA[6]
São as teorias sobre liderança mais complexas e amplas em relação às anteriores. Consideram que não existe uma característica universal ótima de liderança que possa ser aplicada em qualquer contexto empresarial. Na verdade cada ocasião ou tipo de situação requer um tipo especifico de liderança. A vantagem das teorias situacionais é que elas permitem ao líder escolher a melhor a ser aplicada em cada situação, ampliando seu leque de possibilidades de gestão. São ideais para gestão de crises.
Considerando apenas as variáveis “Pessoas X Resultados”, podemos classificar os líderes quanto aos interesses como:
TIPO DE LIDER LÍDER | GRAU DE INTERESSE DO LÍDER POR RESULTADOS (R) | GRAU DE INTERESSE DO LÍDER POR PESSOAS (P) |
DESMOTIVADO (R) X DESMOTIVADO (P) |
BAIXO |
BAIXO |
MODERADO (R) X MODERADO (P) |
RAZOÁVEL |
RAZOÁVEL |
MOTIVADO (R) X DESMOTIVADO (P) |
ELEVADO |
BAIXO |
DESMOTIVADO (R) X MOTIVADO (P) |
BAIXO |
ELEVADO |
MOTIVADO (R) X MOTIVADO (P) |
ELEVADO |
ELEVADO |
As necessidades das pessoas ou dos trabalhadores podem ser classificadas em graus de importância para eles:
1) Fisiológicas e ambição pessoal;
2) De status social;
3) Básicas e sociais.
Finalizando, o líder deve conhecer as teorias sobre liderança e aplicar a que mais se adequar ao contexto em que se encontra em determinado momento administrativo, levando em conta o sistema organizacional, as características dos subordinados, o tipo de processo produtivo ou mesmo a ocasião administrativa do momento. Esse conhecimento induz ao líder a adoção das lideranças direcionadas para determinar, persuadir, compartilhar e delegar aos subordinados elementos necessários ao cumprimento dos objetivos da organização, combinando comportamento, tarefa e relacionamento entre líder e subordinado.
Webgrafia:
[1] Liderança
http://www.guiarh.com.br/PAG21C.htm
http://www.ibccoaching.com.br/tudo-sobre-coaching/lideranca-e-motivacao/como-liderar-uma-equipe/
[2] Responsabilidade e autoridade
http://www.trf5.jus.br/downloads/Responsabilidade%20X%20Autoridade.pdf
[3] Teorias das Organizações e Administrativa
http://www.scielo.br/pdf/tce/v15n3/v15n3a17
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072006000300017
[4] Teorias de traços de personalidade
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2002000100008
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2008000100006
http://www.administradores.com.br/producao-academica/a-teoria-dos-tracos/5265/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_dos_tra%C3%A7os_de_personalidade
[5] Teorias sobre estilos de liderança
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692009000300003&script=sci_arttext&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692005000100010
http://www.infoescola.com/pedagogia/teorias-sobre-as-liderancas-no-contexto-educacional/
http://www.rhportal.com.br/artigos/rh.php?idc_cad=epf5gsbj3
[6] Teorias situacionais da liderança
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0080-62341997000200005&script=sci_arttext
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v6n1/13924.pdf
http://www.ibccoaching.com.br/tudo-sobre-coaching/o-que-e-lideranca-situacional/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lideran%C3%A7a_situacional
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