O risco de maior potencial – Por Heitor Borba
Elaborei este artigo há uns quatro meses e não tive coragem de publicá-lo. Somente após tomar conhecimento de mais um dos inúmeros absurdos que ocorrem em nosso país foi que criei coragem e resolvi publicá-lo na integra.
O absurdo citado anteriormente e motivador da publicação deste artigo foi veiculado pela imprensa:
Bandidos, “mui temerosos”, resolveram assaltar em série os postos de gasolina instalados na BR-101, em PE. Assaltaram o primeiro posto e os funcionários e seguiram em direção ao próximo. O funcionário do posto assaltado liga para a polícia, passa as informações sobre os bandidos e informam a possibilidade dos mesmos assaltarem o próximo posto. Também ligaram para o próximo posto e informaram que os bandidos iriam assaltar o posto deles. Minutos depois os mesmos bandidos chegam ao posto alertado e o assaltam. O mesmo procedimento de ligar e informar o ocorrido ao posto seguinte e a polícia foi repetido por seis vezes e nada foi feito. Não houve nenhuma reação da polícia ou dos funcionários dos postos para impedir que os assaltos ocorressem. Lembrando que os funcionários dos postos também foram assaltados e maltratados pelos bandidos. Digam se não é a falência de um Estado arrogante que só tem moral para os cidadãos?
Agora segue o artigo e seja o que Deus quiser:
É ridiculamente constrangedor o posicionamento dos políticos em relação à violência a que estão expostos os nossos cidadãos.
A cada dia o Estado Brasileiro perde a sua soberania para os bandidos. Com discursos politicamente idiotas passam aos cidadãos a ideia de que a violência se resolve com mais policiamento nas ruas (SQN).
Os trabalhadores estão em pânico. Trabalhando em estado de extrema tensão nervosa acabam por causar acidentes. Qualquer Relatório de Análise e Investigação de Acidentes sério irá apontar o estresse causado pela situação contínua de violência iminente como a causa da maioria dos infortúnios classificados como do tipo Mecânico/De acidentes e Ergonômico/Psicossocial, principalmente nas regiões do país onde o Estado brasileiro não é soberano. Coloquei isso em outro artigo e fui criticado por um Advogado politicamente idiota, argumentado que o fato de haver violência não significa que o Estado não seja soberano. Significa sim e desafio o nobre Advogado a exercer o seu direito constitucional de ir e vir devidamente emanado do povo e para o povo, entrando numa dessas favelas dominadas por traficantes. Prove que esse blá, blá, blá de professor de faculdade de humanas é verdade.[1] Quero a prova. Essa conversa fiada que insulta a minha inteligência não vale. Entre numa favela, sozinho, com seu Rolex de R$ 15.000,00, filme tudo e mande para mim.
Afinal, em que parte do Estado vemos isso:[2]
“Soberania
A soberania do Estado é considerada geralmente sobre dois aspectos: o interno e o externo. A soberania interna significa que o poder do Estado é o mais alto existente dentro do Estado.”
“soberania
1 Caráter ou qualidade de soberano. 2 Autoridade suprema. 3 Força tirada do conhecimento do direito natural. 4 Autoridade moral considerada como suprema; poder supremo, irresistível. 5 Os direitos anexos ao soberano ou soberana. 6 Extensão territorial sob a autoridade de um soberano. 7 Qualidade do que não tem apelação ou recurso. 8 Autoridade, imperiosidade, poder, superioridade. 9 Excelência, primazia. 10 Altivez, soberbia. S. do povo ou s. popular: princípio segundo o qual todo o poder político emana do povo e é em nome dele exercido (consignado na Constituição brasileira). S. política, Sociol: possibilidade que tem o Estado de usar do poder, limitado somente pelas condições da política interna e obrigações contratuais para com outras nações.”
Confessa, você mora dentro de um quartel, né?
Em reportagens sobre locais com ocorrência de assaltos sempre focam no fato de não haver policiamento na área. Como se o Estado pudesse colocar policiais em todas as ruas, distanciados a cada cem metros um do outro. Algum especialista de plantão já pensou em perguntar ao bandido porque ele resolveu assaltar determinada pessoa e em determinado local? Não? Eu já. Perguntei a vários. Sabe por que eles assaltam?
É por isso:
a) Certeza da impunidade com leis de penas brandas, tipo tapinha ridícula da vovó. Isso quando condenado;
b) Certeza de sucesso na ação criminal em função da parceria feita entre o Estado e os bandidos através da lei do desarmamento;
c) Leis que consideram traficantes como débeis mentais viciados.
Agora fica fácil identificar a solução:
a) Aprovar leis com penas mais duras para bandidos;
b) Capacitação, armamento e fiscalização do cidadão armado;
c) Leis não idiotas para viciados;
d) Mais ação social para promoção de oportunidades para as populações carentes.
Não, não. A causa da violência NÃO é a fome e nem a miséria. Tampouco os jogos e filmes violentos ou porque o papai abandonou o lar quando o bandidinho ainda era pequeno. Chutar o bumbum ou roubar o sorvete do coleguinha na escola também não transforma ninguém em bandido. Com apenas sete anos de idade aprendi com meu pai a atirar com armas de verdade e a degustar vinhos e licores. Nunca matei ninguém nem nunca fui alcoólatra. Perdi meu pai para o câncer aos dez anos, sendo obrigado a trabalhar duro para comer e sustentar minha mãe e irmã (esta com apenas quatro anos de idade na época). Não havia escolas públicas com doação de fardamentos, livros, tênis e tabletes “digrátis”. A escola passava apenas o desenho do fardamento e ainda vendia o bolso com a logo da entidade que devia ser costurado na farda. Havia prazo para tudo. Da aquisição do fardamento e sapatos até a compra do material escolar. Após o prazo o aluno que não estivesse em ordem não entrava no colégio e perdia o ano. Isso se chama década de 70. Eu consegui tudo com trabalho. Nunca me passou pela cabeça roubar ninguém por causa disso. Fato interessante é que a maioria da turma conseguiu se formar e virou gente. Somos super-homens ou são as pessoas que usam as dificuldades da vida como desculpa para cometer crimes? É preciso ensinar a população a enfrentar as dificuldades da vida, cobrar deveres, punir severamente quando necessário e acabar com esse coitadismo do Estado. As ações sociais devem ser direcionadas principalmente para os jovens que apesar das dificuldades buscam trabalho e escola. Não para bandidos. As escolas devem ensinar a pensar, inquirir, investigar, questionar tudo e todos antes de tomar qualquer decisão ou concluir a respeito de qualquer assunto. Ensinar realidade e como lidar com ela e não besteirol de pensamento positivo, fé, otimismo e coisa parecida. É o que ocorre com quem vota num político porque é da sua religião, time de futebol ou porque trouxe algo de bom para a sua região mesmo que esse político seja bandido, como se os fins justificassem os meios. É a acreditação do crime como coisa boa e normal.
Atualmente o ensino foi completamente destruído pelo besteirol da psicopedagogia (que aos poucos está sendo engolida por uma ciência de verdade: A Neurociência. Ainda bem). Mas os floquinhos de neve apoiados pelos seus pares políticos preferem o “enrolation” da psicopedagogia de quem nunca entrou numa sala de aula. Acho tão fofo esses professores maconheiros (geralmente de inutilidades como sociologia e filosofia) participando de protestos contra a violência, sendo eles mesmos os responsáveis. Mais fofo ainda são os maiores patrocinadores dos traficantes e, consequentemente da violência (artistas fumadores de maconha e cheiradores de cocaína), fingindo indignação por causa da morte de uma criança por bala perdida durante um confronto entre polícia e traficante.
Enquanto isso os nossos trabalhadores continuam adoecendo, sendo obrigados a enfrentar o mundo real, colocando seus corpos como alvos de bandidos. O pânico se alastra entre a população. Entre os trabalhadores os Comportamentos Críticos gerados pelo pânico enchem a base da Pirâmide de Bird e originam os riscos psicossociais[4]. Não tem coisa mais ridícula do que ficar contemplando os motoristas serem assaltados durante um engarrafamento, aguardando calmamente a vez de também ser assaltado. Noutros tempo alguns dos presentes mandariam bala e acabariam com a farra. Se ao menos em 50% dos assaltos os cidadãos reagissem, certamente o bandido iria pensar duas vezes antes de tentar. Mas alguns retardados, eleitos pelos seus pares, reconhecendo a incompetência do Estado em capacitar e fiscalizar, decidiram que o cidadão não tem o direito constitucional a sua própria defesa.[3] Outros, alegando questões religiosas ou filosóficas (que dá na mesma), preferem deixar o bandido estuprar (Ops!) e matar eles mesmos e todos os membros da família, em vez de tirar a vida desses animais. Sinceramente eu não me importo com a imerecida vida desfrutada pelos bandidos. Por isso o caso da violência no Brasil não tem solução dentro da lei. E quem pensa é obrigado a conviver com essa situação criada por eleitores acéfalos.
Webgrafia:
[1] http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8786
http://jus.com.br/artigos/7045/o-estado-o-povo-e-a-soberania
[2]
http://jb.jusbrasil.com.br/definicoes/100002450/soberania
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=soberania
[3]
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI17173,101048-Direitos+fundamentais+e+armas+de+fogo
http://www.pelalegitimadefesa.org.br/biblioteca/outrasmat/Garrastazu.htm
[4] Pirâmide de Bird
http://www.processos.eng.br/Portugues/PDFs/evolucao_da%20seguranca_do_trabalho.pdf
http://www.ufjf.br/ep/files/2014/07/2010_3_Pedro-Roberto.pdf
http://qssmanapratica.blogspot.com.br/2010/08/piramide-de-acidentes-perda.html
http://www.sbpcnet.org.br/livro/63ra/conpeex/pivic/trabalhos/LAIS_ARA.PDF
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/abpa/article/viewFile/17076/15875
http://academico.escolasatelite.net/system/application/materials/uploads/79/guia-de-estudo-03.pdf
Artigos relacionados:
Comentários