Exposições ocupacionais a substancias ototóxicas – Por Heitor Borba

 

Trabalhadores expostos a substancias ototóxicas podem desenvolver doenças como a labirintite e até perdas auditivas, mesmo sem exposições a níveis de ruído elevado.

A hipoacusia ototóxica ou perda da audição ototóxica é a perda auditiva, do tipo neurossensorial, induzida por substâncias químicas de origem endógena ou exógena. O efeito ototóxico pode alcançar, também, com frequência, o aparelho do equilíbrio.

Para um diagnóstico eficiente de perdas auditivas neurossensoriais ototóxicas o Médico do Trabalho Examinador deverá possuir acesso a todo histórico das exposições ocupacionais do paciente a ruídos e agentes ototóxicos. Esse histórico deverá compreender os exames audiométricos juntamente com outros exames relacionados, anamnese do trabalhador, queixas, PPRA e levantamento ambiental do local de trabalho.

As medidas de controle ambiental com o objetivo de neutralizar ou reduzir as exposições a substancias ototóxicas a patamares seguros compreendem:

a)    Enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho, se possível utilizando sistemas hermeticamente fechados;

b)    Aplicação das Normas de Higiene e Segurança Ocupacional de forma adequada;

c)    Projeto e instalação de sistemas de ventilação exaustora adequados e eficientes;

d)    Monitoramento sistemático das concentrações no ar ambiente;

e)    Adoção de medidas administrativas ou de organização do trabalho, como por exemplo, redução do número de trabalhadores expostos e do tempo de exposição;

f)     Medidas de limpeza geral dos ambientes de trabalho e facilidades para higiene pessoal (recursos para banhos, lavagem das mãos, braços, rosto e troca de vestuário);

g)    Fornecimento de EPI;

h)    Substituição de substancias por outras atóxicas ou de menor toxidade.

As medidas preventivas de medicina ocupacional para prevenção das patologias são:

a)    Avaliação clínica com pesquisa de sinais e sintomas otoneurológicos, por meio de protocolo padronizado e exame físico criterioso;

b)    Exames complementares orientados pela exposição ocupacional;

c)    Informações epidemiológicas;

d)    Análises toxicológicas;

e)    Afastamento imediato do trabalhador do ambiente de trabalho contaminado até que as medidas de segurança do trabalho sejam executadas e comprovadas como eficazes.

Dentre outros critérios estabelecidos pela NR-07 a perda auditiva ocupacional é sempre bilateral.

Hipoacusia Ototóxica:

Perda auditiva do tipo neurossensorial, induzida por substâncias químicas de origem endógena ou exógena. O efeito ototóxico pode lesar o aparelho do equilíbrio (manifestações vestibulares);

Fatores Endógenos:

Ação de toxinas bacterianas, nefropatias e diabetes como indutores de perda auditiva;

Fatores Exógenos:

Ação de Substâncias Ototóxicas;

Patogênese e sintomatologia ototóxica:

a) Tinido (geralmente aparecendo como o primeiro sintoma);

b) Perda auditiva (surdez neurossensorial inicialmente para tons agudos e posteriormente evolui para os demais: Frequências altas => médias => inferiores. Sempre bilateralmente);

c) Vertigem posicional (associada a náuseas);

d) Distúrbios do equilíbrio, com vertigem e instabilidade de marcha (deambulação);

e) Osciloscopia (Fraqueza de fixação devida a um distúrbio do reflexo vestibulococlear)

A seguir, tabela contendo as principais substâncias ototóxicas utilizadas nas industriais:

Tabela substancias ototóxicas

 

As substâncias que penetram no organismo também por via cutânea são:

-Álcool Butílico;

-Cádmio;

-Chumbo;

-Manganês;

-Mercúrio;

-Estireno;

-Hexano;

-Tolueno;

-Xileno;

-Dissulfeto de Carbono e Tricloroetileno.

Os profissionais da área de Segurança e Saúde Ocupacional devem ser alertados sobre os efeitos combinados acerca das exposições ao ruído e a substâncias ototóxicas.

Levando-se em conta os riscos iminentes das exposições dos trabalhadores as substancias ototóxicas utilizadas nos processos de produção, fica evidente que as empresas também devem adequar seus Programas de Segurança e Saúde no Trabalho, como o PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional e o PCA – Programa de Conservação Auditiva, a esses riscos. Tal adequação deve ocorrer através do reconhecimento, quantificação, dimensionamento das exposições e prescrição das medidas preventivas necessárias e suficientes para neutralização ou redução das exposições dos trabalhadores a patamares seguros.

Webgrafia:                      

Bowler & Cone, 2001; Morata Et al, 1994; Ministério da Saúde do Brasil, 2001; PATNAIK, 2002; GABAS, 2004;

https://heitorborbasolucoes.com.br/wp-content/uploads/2013/01/doencas_trabalho2.pdf

http://acesso.mte.gov.br/data/files/FF80808148EC2E5E014961B76D3533A2/NR-09%20(atualizada%202014)%20II.pdf

http://www.scielo.br/pdf/iao/v16n2/v16n2a15

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-80342012000400007

http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-16731999000100005

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