Exposições ocupacionais aos solventes – Por Heitor Borba.
O campo de aplicação dos hidrocarbonetos é amplo e diverso. Utilizam-se esses produtos na indústria, no campo, na construção e inclusive, em uso doméstico. Sem aplicação das medidas adequadas de segurança, sua utilização poderá ocasionar intoxicações agudas ou crônicas, que repercutem no trabalhador de forma leve, grave ou até mesmo fatal.
A inalação e o contato direto com os solventes, por exemplo, poderá levar a narcoses, dermatoses, alteração das funções hepáticas, anemia, leucemia, etc
Caso as atividades sejam desenvolvidas em galpão aberto, todos estarão expostos, variando apenas os níveis de exposição às concentrações desses agentes nocivos.
SOLVENTES
É uma substância química ou uma mistura líquida de substâncias químicas capazes de dissolver outro material de utilização industrial. Os solventes industriais, geralmente são de natureza orgânica. Apesar de possuírem composições químicas diversas, os solventes têm algumas propriedades comuns: São compostos líquidos, lipossolúveis, possuem grande volatilidade, são altamente inflamáveis e possuem importantes efeitos tóxicos.
Sua natureza química é tão variada, que para facilitar o seu estudo e aplicação, são classificados em vários grupos de acordo com suas propriedades químicas. As mais utilizadas são as seguintes:
a) Hidrocarbonetos alifáticos: Pentano, hexano, heptano, decano;
b) Hidrocarbonetos alicíclicos: Ciclohexano, metilciclohexano, alfa-pireno;
c) Hidrocarbonetos aromáticos: Benzeno, tolueno, ortoxileno, meta-xileno, para-xileno, etilbenzeno, estireno;
d) Hidrocarbonetos alogenados: cloreto de metileno, clorofórmio, tetracloreto de carbono, 1,2-dicloroetano, tricloroetileno, 1,1,1-tricloroetano, tetracloroetileno, freons;
e) Alcoóis: Metanol, etanol, i-propanol, n-butanol, i-butanol;
f) Glicóis: Etilenoglicol, dietilenoglicol;
g) Éteres: 2-Metóxietanol, etóxietanol, butóxietanol, pdioxano;
h) Ésteres: Acetato de metila, acetato de etila, acetato de ipropila, acetato de n-butila, acetato de i-butila, acetato de 2-etóxietila, metacrilato de metila;
i) Cetonas: Acetona, 2-butanona, 4-metil-2-pentanona, 2-hexanona, ciclohexanona;
j) Outros: Nitroparafina, dissulfeto de carbono.
Aí estão relacionados todos os solventes possíveis de serem encontrados nos diversos processos industriais da sua empresa, agora vamos identificar alguns processos industriais que os mesmos podem estar presentes.
A maioria das indústrias emprega solventes em alguns dos seus processos de fabricação. Fundamentalmente, são utilizados como veículo para aplicação de determinados produtos, tais como, pinturas, vernizes, lacas, tintas, adesivos, recuperação estrutural, etc A indústria química utiliza solventes para realização de determinados processos e reações entre substâncias, previamente dissolvidas ou suspensas no seu interior. Também, podem ser utilizados como reativos de partida ou como compostos intermediários de sínteses químicas.
Alguns exemplos:
a) Indústria alimentícia: Extração de azeite e graxas com ciclohexano e o sulfeto de carbono;
b) Indústria siderúrgica: Limpeza e desengraxamento de peças com tricloroetileno, e cloreto de metileno, refrigeração em processos de corte, com hidrocarbonetos alifáticos;
c) Indústria de calçados: Solventes de colas e pegas em misturas de hexanos;
d) Indústria de plásticos e borracha: Solventes de matérias primas e de transformação, como por exemplo, dimetilformamida, clorofórmio, acetona, etc;
e) Indústria cosmética: Dispersantes de álcool etílico, álcool isopropílico, clorofórmio;
f) Indústria farmacêutica: Síntese de fórmulas;
g) Indústria de tintas: Diluentes para tolueno, acetatos, cetonas, etc;
h) Limpeza a seco: Solventes de substâncias orgânicas. Ex. Tetracloroetileno.
FORMAS DE EXPOSIÇÃO
Os trabalhadores se expõem aos solventes quando utilizam em seu local de trabalho ou ao transvasá-lo de um recipiente para outro e ainda, ao armazená-lo. Devido a sua volatilidade e ao respirar seus vapores, os solventes penetram através das vias respiratórias e podem chegar até aos tecidos e órgãos mais receptivos. Caso ocorram derrames ou respingos, os solventes podem entrar em contato com as mãos do trabalhador ou impregnar suas roupas e assim, penetrar através da pele. Com a manipulação dos solventes, do material de trabalho, a roupa, etc produz-se gradativa contaminação. No caso do trabalhador fumar ou comer no local de trabalho, pode também ocorrer uma intoxicação por ingestão. Esta última, menos freqüente na atividade laboral.
RISCOS DE INCÊNDIO OU EXPLOSÃO
A maioria dos solventes é inflamável. Outros, não queimam facilmente, porém se decompõem em altas temperaturas e produzem produtos da decomposição altamente tóxicos, tais como, os hidrocarbonetos halogenados que dão lugar ao fosgênio, ao ácido fluorídrico, etc Também existe o risco de explosão. Cada solvente tem um intervalo de concentração no qual é possível ocorrer a explosão. Nos limites superiores e inferiores das concentrações, não há risco de explosão. De mãos dessa informação, fica mais fácil controlar esse risco. Basta controlar as concentrações fora dos limites de explosividade e este risco fica controlado. Esses dados podem ser coletados nas Fichas de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) e também, nas Fichas Técnicas dos produtos.
FORMAS DE CONTROLE DO RISCO DE INCÊNDIO/EXPLOSÃO
Os riscos podem ser controlados da seguinte forma:
-Forçando a ventilação nos locais de trabalho para evitar concentrações perigosas;
-Eliminando a possibilidade de faíscas, chamas e temperaturas elevadas, etc
FORMAS DE INGRESSO NO ORGANISMO
Penetram por diferentes vias:
-PULMONAR, durante a respiração, sendo esta, a via de entrada mais importante no ambiente laboral;
-CUTÂNEA, considerando que a pele permite a entrada da maioria dos solventes, devido a sua lipossolubilidade. Alguns atuam sobre a pele ocasionando dermatoses;
-DIGESTIVA, contaminação por meio dos atos de comer ou fumar no ambiente de trabalho. O trabalhador exposto poderá ingerir pequenas quantidades de solventes impregnados nas mãos, nas ferramentas ou nas roupas.
EFEITOS
Os solventes produzem efeitos narcóticos, considerando que atuam sobre o Sistema Nervoso Central (SNC). Também, podem atuar sobre diferentes órgãos, podendo ocasionar lesões no fígado, rins, sistema hematopoiético, dentre outros. Exposições contínuas e prolongadas podem dar origem a enfermidades, como por exemplo, o benzolismo, produzida pelo benzeno, leucemias e câncer de fígado,produzida pelo xileno e tolueno, solventes de tintas, etc
PROCESSOS QUE OS SOLVENTES SOFREM NO ORGANISMO
Uma parte do solvente inalado percorre o trato respiratório, chega ao sangue e a diferentes órgãos e tecidos. Ao cessar a exposição, o organismo inicia a sua eliminação, através do processo inverso, até que toda substância seja eliminada por meio do ar expirado. Outra parte sofrerá uma série de transformações, principalmente no fígado. Estas substâncias transformadas, chamadas metabólitos, são geralmente derivados hidrossolúveis do solvente, e podem ser eliminados facilmente pela bile ou pela urina.
Não há uma regra geral de biotransformação dos diferentes grupos de solventes. Cada um tem seu comportamento particular no organismo do trabalhador.
Conhecemos alguns metabólitos: O tricloroetileno se transforma em ácido tricloroacético e tricloroetanol, que são eliminados pela urina; O benzeno em fenol urinário; O estireno em ácido mandélico e fenil-glioxílico; O metanol em ácido fórmico, etc
ABSORÇÃO PULMONAR
A absorção pulmonar segue duas etapas:
– A entrada do solvente desde o meio ambiente até os alvéolos pulmonares;
– A transferência desde os alvéolos pulmonares até o sangue venoso.
Na primeira fase o solvente se introduz na cavidade alveolar, mediante o ar inspirado. Na segunda fase ocorre a difusão ao sangue, que depende:
a) Das características físico-químicas do solvente, coeficientes de difusão e divisão entre o sangue e o ar;
b) Das características das membranas alvéolo capilares (superfície, espessura), do débito cardíaco (volume sangue pulmonar, freqüência cardíaca) e da ventilação pulmonar, a qual depende do esforço físico durante a exposição. Como conseqüência, se absorverá mais quantidade de solvente em exercício do que em repouso.
CAUSAS DO METABOLISMO DOS SOLVENTES
Acredita-se que a maioria das substâncias químicas sofre trocas no organismo, transformando-se em outras substâncias. Isso, porque o organismo procura manter seu equilíbrio químico, evitando concentrações perigosas. O metabolismo provoca uma elevada redução do solvente no sangue, transformando-o em compostos menos tóxicos, geralmente mais fáceis de eliminar, ainda que, em conseqüência disto, possam os pulmões continuar absorvendo mais solventes.
SINTOMAS DA INTOXICAÇÃO POR SOLVENTES
Quando da inalação dos vapores, os sintomas são, fundamentalmente, devidos ao efeito narcótico: sono, enjôo, falta de reflexos, cansaço, debilidade, falta de concentração, instabilidade emocional, dor de cabeça, falta de coordenação, confusão mental, debilidade muscular, etc Em uma intoxicação crônica podem aparecer alterações respiratórias, hepáticas e renais, podendo surgir inclusive, tumores cancerosos. Caso o solvente penetre também por via cutânea, produz dermatites, podendo levar a câncer de pele.
INTENSIDADE DOS EFEITOS DOS SOLVENTES
A intensidade dos efeitos dos solventes no organismo humano se mede pelos resultados dos exames médicos ocupacionais gerais e específicos:
a) Provas psicológicas e psiquiátricas: Reflexos, concentração mental, memória, etc
b) Provas clínicas para determinar a quantidade de solventes absorvido no sangue e de seus metabólitos, normalmente na urina. Atualmente, pode-se medir a concentração do solvente
exalado ao final de um tempo medido, após a exposição;
c) Provas clínicas, nas quais se medem certos parâmetros biológicos, e se comparam com outros já estabelecidos.
PROCEDIMENTOS PARA COM O TRABALHADOR INTOXICADO
De modo imediato:
a) Afastar o trabalhador da fonte contaminante;
b) Encaminhar o trabalhador ao médico para receber tratamento de desintoxicação;
Tratando-se de intoxicação crônica:
a) Transferir o trabalhador para ouro posto de trabalho onde não haja exposição ao contaminante;
b) Encaminhar o trabalhador para receber tratamento médico específico.
MEDIDAS DE NATUREZA MÉDICA
1-Exames pré-admissionais:
São os exames preliminares que objetivam evitar a exposição de trabalhadores que apresentam uma predisposição particular à intoxicação com solventes (enfermos hepáticos, renais, anêmicos, etc)
2-Exames periódicos:
São os exames clínicos periódicos que deverão ser realizados com freqüências que dependerão da natureza dos solventes e do risco de intoxicação (A NR-07 especifica que deverá ser colhido o material biológico no final do último dia de jornada de trabalho, evitando-se a primeira jornada da semana, podendo-se comprar as diferenças entre pré e pós jornada de trabalho).
3-Exames demissionais:
Após deixar o local de trabalho com risco, a empresa deverá garantir que estar devolvendo o trabalhador integro a sociedade ou assumir o dano causado ao mesmo.
FATORES DETERMINANTES DO RISCO NO LOCAL DE TRABALHO
a) A toxidade do solvente;
b) As concentrações dos solventes no ambiente de trabalho;
c) O tempo de exposição dos trabalhadores as concentrações identificadas.
Como vemos esses parâmetros também se aplicam a determinação da insalubridade. Tem chegado em minhas mãos inúmeros laudos de “experts” erroneamente concedendo insalubridade apenas pela presença do agente nocivo no ambiente de trabalho. È necessário dimensionar a real exposição do trabalhador ao agente nocivo (toxidade/capacidade de inalação, intensidade/concentração e tempo de exposição. Sem esses parâmetros é impossível se determinar a nocividade de qualquer que seja o agente nocivo, mesmo para os que não possuem limites de tolerância.
DETERMINAÇÃO DA TOXIDADE POR SOLVENTE NUM AMBIENTE DE TRABALHO
A determinação da toxidade num ambiente de trabalho por solvente é definida pela maior ou menor concentração do agente no local e sua variação ao longo da jornada. Esses níveis podem ser conhecidos mediante:
a) Tomada de amostras – Para isso é necessário fazer passar o ar presente na atmosfera respirável do trabalhador por uma bomba de aspiração, para que entre num tudo absorvente contendo carvão ativado, para que o solvente fique retido;
b) Análise laboratorial – A fim de se determinar as concentrações por meio da análise dos compostos absorvidos no carvão ativado (para leitura não instantânea);
c) Comparação de indicadores – Os resultados são comparados com valores estabelecidos, objetivando o conhecimento das reais concentrações em relação aos valores aceitáveis, por meio das tabelas de valores Limites Permissíveis. A legislação brasileira (NR-15) não dispõe de valores Limites de Tolerância para solventes aromáticos (Hidrocarbonetos Aromáticos), onde a avaliação é qualitativa, nos termos do anexo13 dessa norma. Para isso, devem-se utilizar os limites de tolerância (TLV) da ACGIH, conforme determina a NR-09.
MEDIDAS DE CONTROLE DA CONTAMINAÇÃO POR SOLVENTES
As medidas de controle implicam:
a) Estudo da atmosfera respirável do trabalhador:
Proceder ao estudo da atmosfera respirável a fim de se conhecer a magnitude da contaminação;
b) Aplicação de técnicas de controle
– Substituição de um solvente por outro menos tóxico, cuja aplicação seja similar. Hoje já existem no mercado solvente que não contêm hidrocarbonetos aromáticos, portanto, sem toxidade para contato por via aérea. Para utilização de solventes aromáticos, o prevencionista deverá eleger o solvente que tenha maior concentração permitida (Limite de Tolerância) e menor pressão de vapor;
– Elaboração de processo de produção a fim de controlar o emprego, manipulação ou liberação de solventes perigosos;
– Separação mediante isolamento do processo a fim de evitar a disseminação do contaminante no local de trabalho, reduzindo a zona afetada e o número de trabalhadores expostos;
c) Ventilação
Após isolar o foco no qual se produz a evaporação do solvente, deve-se instalar uma exaustão localizada, objetivando diminui a sua concentração no local de trabalho;
d) Equipamento de Proteção Individual – EPI
O EPI, por ser o modo mais fácil de resolver o problema, acaba ganhando “status” prioritário na adoção de medidas corretivas. Porém, a adoção de EPI deveria ser a última solução.
Lembrando que a doção de EPI não se restringe apenas no fornecimento do EPI. Há de se implementar outras medidas necessárias, como por exemplo, higienização, manutenção, fiscalização quanto ao uso ininterrupto, substituição periódica, validade do Certificado de Aprovação (C.A.), nível de eficiência em relação a concentração do contaminante e do percentual de oxigênio no ar, etc Convém salientar que todas essas medidas de controle de EPI deverão ser documentadas por meio de registros, fichas, formulários e outros e devidamente assinados pelas partes implicadas para que tenham sua validade legal.
Basicamente, a proteção individual se efetua por:
– Uso de equipamentos de proteção;
– Higiene pessoal.
Os equipamentos especificados para o trabalho com solventes são respiradores, luvas, óculos para produtos químicos e aventais. Esses equipamentos devem ser fabricados com materiais adequados ao solvente que seja empregado na empresa, visando evitar ressecamentos, perda da elasticidade, perda de pressão, rachaduras, endurecimento, deformações das peças e outras anomalias que possam reduzir o nível de eficiência do EPI. Os respiradores mais leves possuem níveis de eficiência de até dez vezes o limite de tolerância, indo até os de pressão positiva de adução de ar ou autônomos. Para esses dois últimos, não há limites de concentração dos contaminantes no ambiente de trabalho. Para adoção dos respiradores de pressão negativa (dez, cem ou mil vezes o limite de tolerância), há de se conhecer o valor da
concentração do contaminante e o valor do nível de oxigênio no ambiente. Quando as concentrações são visivelmente intensas e o local não é ventilado, é aconselhável a adoção de respiradores de pressão positiva. Todos os EPI devem ser higienizados diariamente.
A higiene pessoal influi diretamente na diminuição dos efeitos nocivos dos solventes.
– Lavar freqüentemente as mãos com água e sabão;
– Tomar banho e trocar de roupas;
– Evitar a contaminação da roupa e material de trabalho com o solvente.
FATORES QUE INFLUENCIAM NO RISCO DA CONTAMINAÇÃO POR SOLVENTES
– O desenho da cuba de desengraxe ou de armazenagem temporária do solvente: Dimensões, sistema de calefação, condensador, decantador de água, etc
– Método de operação: Introdução e retirada de peças, técnicas de desengraxe, manutenção da cuba;
– Desenho do sistema de exaustão incorporado, volume de exaustão, etc
OUTROS FATORES
– A formação de fosfogênio, procedente da decomposição do tricloroetileno, por exemplo, que pode ocorrer quando sob a ação de altas temperaturas na cuba ou provocada por faíscas emanadas dos postos de soldagem nas proximidades;
– Explosão, ao ser utilizado o solvente em peças de metais leves (alumínio). Isso se deve a formação de ácido clorídrico, ao atuar a luz e o oxigênio sobre o tricloroetileno. O ácido clorídrico reage com o alumínio para dar origem ao cloreto de alumínio (Cl3Al) com um grande desprendimento de calor, podendo iniciar uma reação em cadeia e possivelmente, uma explosão.
MEDIDAS PARA CONTROLE DOS RISCOS EM CUBAS DE DESENGRAXE
As medidas para controle são:
a) Utilização de cubas projetadas que evite a saída dos vapores para a atmosfera respirável do
trabalhador;
b) Evitar o superaquecimento do solvente e da cuba;
c) Evitar o derrame do solvente durante o manuseio e por excesso ou transvasamento;
d) Realizar limpeza periódica e manutenção da cuba;
e) Nunca utilizar o tricloroetileno quando a peça possuir partes em alumínio;
f) Situar a cuba em ambiente com boa ventilação natural. Apenas a ventilação natural é suficiente, caso o desenho da cuba e o método de trabalho estejam corretos. Normalmente a cuba é provida de dispositivo para exaustão, cujos parâmetros, como volume de exaustão e desenho devem ser adequados ao volume de solvente comportado.
OUTROS FATORES RELACIONADOS
– Substituir um solvente por outro menos tóxico, para a mesma utilização;
– Evitar, na medida do possível, processos de manipulação e liberação do solvente;
– Medir periodicamente a concentração do solvente no ar, com o fim de avaliar a eficácia das
medidas de controle;
– Dar ciência aos trabalhadores sobre os resultados das avaliações ambientais e explicar sobre
os riscos a que estão submetidos, quando a concentração no ar ultrapassar o limite de tolerância;
– Dar ciência sobre os resultados dos exames médicos ocupacionais aos trabalhadores interessados;
– Fornecer e tornar obrigatório o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), necessários e suficientes a redução das concentrações dos agentes nocivos a patamares seguros;
– Encaminhar os trabalhadores para realização dos exames médicos constantes do PCMSO;
– Elaborar procedimento de segurança para a utilização segura dos solventes;
– Fiscalizar o cumprimento dos procedimentos de segurança;
– Paralisar imediatamente as atividades em caso de risco grave e iminente, como por exemplo, faíscas, fontes de calor, concentrações altas, baixa aeração do local, etc
– Encaminhar de imediato o trabalhador ao serviço médico em caso de enjôo, dor de cabeça, torpor, etc;
– Providenciar treinamentos sobre segurança com solventes, realizar estudo sobre as Fichas de
Informações de Segurança de Produtos Químico (FISPQ), etc
Ao final deste artigo, espero ter conseguido passar informações úteis para os leitores.
Bibliografia:
Coleção Trabalho e Saúde na Indústria: Riscos Químicos e Físicos e Prevenção de Acidentes, 2000, Stellman/Daum;
Insalubridade e Periculosidade – Aspectos Técnicos e Práticos, 10a edição, 2001, Tuffi M. Saliba/Márcia A. C. Corrêa;
Química Orgânica – Vol 3, 6a edição, 2004, Ricardo Feltre;
Química, Volume único, 4a edição, 2000, Antonio Sardella.
Meu nome é Eliana, trabalho em serigrafia, estou com problema nas plaquetas do sangue, será que os produtos químicos podem está me causando esse mal.
Eliana, é possível, mas precisa ser estabelecido o nexo causal entre lesão e doença. As doenças ocupacionais são específicas dos agentes nocivos e podem ser definidas com segurança. Procure um Hematologista e realize todos os exames médicos necessários que a causa será identificada. Caso seja de origem ocupacional, peça a empresa a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT (para empregados CLT). No caso de recusa, o sindicato da categoria pode emitir. Ligue para 135 do INSS e agende uma perícia.
Bom dia! Me encontro hospitalizado com ferritina acima de 1500. Trabalho com serigrafia a 32 anos. Estou fazendo vários exames. Estou com vesícula inflamada e um nódulo no fígado. Espero exames de sangue de novo pois os médicos acham que estou com uma intoxicação severa no sangue. Isso tem relação com a longa exposição a todos esses produtos da indústria serigrafica? Obrigado
Prezado, é possível, mas há necessidade de se estabelecer o nexo causal entre a exposição e a doença. Os agentes nocivos mais significantes nos trabalhos com serigrafia que os trabalhadores se encontram expostos são os hidrocarbonetos aromáticos (principalmente xileno e tolueno), causadores de cânceres do tecido sanguíneo (leucemia), dentre outras enfermidades. O nexo causal pode ser estabelecido por meio da pericia médica do INSS, com demanda desencadeada por médico do trabalho, Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) da prefeitura da sua cidade e outros. O médico que o atende, constatada a doença como ocupacional, pode solicitar da empresa a emissão da CAT-Comunicação de Acidente de Trabalho. Feitor isso, você deve ligar para 135 e agendar a perícia médica.
Boa noite meu nome e Ricardo da Conceição Martins
Preciso muito da ajuda
Meu telefone e 48996584006
Tive intoxicação por solvente e thinner longo período
Não consigo achar o problema, fiz várias exames, nada acusa ,não sei mais o que faço, me ajuda por favor
Prezado Ricardo. Thinner é uma mistura de hidrocarbonetos, inclusive, aromáticos. Intoxicações agudas acusam nos exames de ácido hipúrico e ácido metil hipúrico, para os componentes tóxicos xileno e tolueno, mas não é indicativo de doença ocupacional (apenas de intoxicação) e o trabalhador deve estar exposto em uma exposição aguda. A doença ocupacional mais comum causada pela exposição habitual e permanente ao longo dos anos (geralmente por mais de 2 anos) é a leucemia ou câncer de sangue e câncer de fígado. O que deve fazer é buscar um médico (de preferencia médico do trabalho) e explicar que esteve exposto a aromáticos, bem como informar sintomas, para realização de exames específicos em busca de comprovação de danos à saúde. Comprovado danos à saúde, busque um advogado para emissão da CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho e indenização por parte da empresa. Peça ajuda ao CEREST da sua cidade (é grátis, administrado pela prefeitura):https://vigilanciasanitaria.sc.gov.br/index.php/servicos/profissionais-ses/saude-do-trabalhador/cerests.html
Antes leia isso sobre o CEREST: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/svsa/cerest
BOM DIA
Qual a quantidade máxima (período) a exposição ao solvente
Esclareço que o mesmo utiliza sim solvente, não todos os dias, ou todas as semanas. Há semanas que sim, umas 2x na semana, outras não.
MESMO ASSIM PRECISO ESTA FAZENDO OS EXAMES LABORATORIAIS
O Anexo 13 da NR-15 possui a relação das atividades e operações envolvendo agentes químicos, consideradas, insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho, dentre elas:
“HIDROCARBONETOS E OUTROS COMPOSTOS DE CARBONO
Insalubridade de grau máximo
Pintura a pistola com esmaltes, tintas, vernizes e solventes contendo hidrocarbonetos aromáticos.
Insalubridade de grau médio
Emprego de produtos contendo hidrocarbonetos aromáticos como solventes ou em limpeza de peças.
Limpeza de peças ou motores com óleo diesel aplicado sob pressão (nebulização)
Pintura a pincel com esmaltes, tintas e vernizes em solvente contendo hidrocarbonetos aromáticos.”
Você não citou a atividade/operação. Esses aí são de avaliação qualitativa, sem necessidade de medições, considerando que os solventes são compostos formados por uma mistura de hidrocarbonetos, dentre eles, o xileno e o tolueno. Independente do tempo de exposição, a empresa deve elaborar um Laudo de Avaliação da Insalubridade a fim de determinar se a atividade é insalubre ou não. Sim, há necessidade de realização de exames médicos específicos, mas devem ser previstos no PCMSO.
Bom dia, somos uma empresa que possui impressão por serigrafia e usa vernizes que contem solventes aroamticos.
Adotamos todas as medidas possiveis de atenuação e prevenção de contato com as tintas e solventes, como fornceimento de luvas nitrilicas, mascaras ff2 vo , aventais etc.
Ocorre que em uma inspeção de um perito, a operadora, devidoa uma falaha pontual na tela serigrafica, sujou as pontas dos dedos com tintat e a perita fotografou e acredito que vislumbre que eixte contato direto com a tinta, mesmo sendo minimo.
Existe a chance de perdermos esta pericia por esta simples, fato pontual e pouco expressivo?
Giostaria que me orientasse, por favor.
Não temos um tecnico especifico de segurança do trabalho, vcs se prestariam a fornecer orientações habituais em atednimento corporativo?
Aguardo.
aguardo e desejo boas festas.
Prezado Fernando,
Desculpe a demora pelo retorno. É que estamos no recesso de fim de ano desde o dia 19/12 e estamos trabalhando de forma mais lenta;
Para um retorno mais rápido, acesse o “Fale com o Gestor”;
Quanto ao seus questionamentos, temos a dizer o seguinte:
I-“devido a uma falha pontual na tela serigrafia, sujou as pontas dos dedos com tinta”
Colocar na contestação do Laudo:
a) Descrição da atividade normal, passo a passo, medidas preventivas redutoras ou neutralizadoras do agente nocivo por via aérea e cutânea em todas as etapas;
b) Nível de eficiência dos EPI/EPC fornecidos em relação ao agente nocivo (Aromáticos);
c) Anexar levantamento quantitativo dos vapores de aromáticos (Geralmente xileno e tolueno), pode ser por meio de monitores passivos;
d) Anexar pesquisa por meio de formulários dos trabalhadores expostos, sobre sintomas percebidos e específicos do agente nocivo (Tontura, ardor nos olhos e garganta, torpor, irritação da pele, etc (Ver os sintomas das exposições da FISPQ). Caso dê positivo, não apresentar;
e) Pode ser anexada fotos das atividades passo a passo;
f) Contestar dissertando sobre a eventualidade do contato com o agente nocivo;
g) Colocar a conclusão geral considerando todos os aspectos;
II-vcs se prestariam a fornecer orientações habituais em atednimento corporativo?
Sim.
Um ano novo de muito sucesso.
Olá Heitor.
Em um ppra é mencionado exposição de de trabalhador de tintas e solvente em sendo tintas de todas composição possível pois o trabalho é realizado em um ambiente industrial, porém o elaborador informa que avaliação quantitativa não será avaliado, qual o embasando técnico que posso utilizar para que as avaliações sejam realizadas
Evandro, o embasamento para não fazer o quantitativo é o Anexo 13 da NR-15. Para fazer você pode chamar a NR-09, que chama a ACGIH: “9.3.5.1 Deverão ser adotadas as medidas necessárias suficientes para a eliminação, a minimização ou o controle dos riscos ambientais sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes situações:
a) identificação, na fase de antecipação, de risco potencial à saúde;
b) constatação, na fase de reconhecimento de risco evidente à saúde;
c) quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valores dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes os valores
limites de exposição ocupacional adotados pela ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Higyenists, ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos;”,
Considerando que se trata de PPRA (trabalhista) e não de LTCAT (previdenciário).
E se tratando do lado previdenciário (LTCAT), como fica?
Atividades especiais devem ser caracterizadas ou não conforme legislação previdenciária. O LTCAT deve considerar tipo, forma, modo, habitualidade, permanência, metodologia, concentração, Fator Proteção EPI/EPC e outras variantes que possam definir o dimensionamento da exposição.
Excelente artigo, parabéns!